DAS COXILHAS SERRANAS:


DAS COXILHAS SERRANAS

Notícias do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Educação (PPGE)
Mestrado Acadêmico em Educação
Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC) - Lages - Santa Catarina - Brasil

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domingo, 3 de março de 2013

Em busca da educação do povo


Ignez Martins Tollini
Ph.D. em Educação pela Universidade de Londres, Reino Unido, Mestre em Ciências da Educação, Universidade de Purdue, Indiana, EUA, Mestre em Educação Brasileira, UnB. Brasília, DF.

A busca da educação do povo brasileiro começou no final do século 19. Nessa época, jovens estudiosos e corajosos começaram a fazer experiências educacionais nas parcas e combalidas escolas existentes nas províncias. Eles traziam consigo ideias democráticas vindas dos Estados Unidos, que, por sua vez, as havia herdado dos jovens revolucionários franceses.

Os esforços dos nossos jovens educadores pioneiros iam de encontro ao que acontecia no governo brasileiro: nas vésperas do século 20, os governantes não se interessavam pela educação do povo. É interessante notar que, então, a Argentina já havia alfabetizado seu povo.

Com o advento do século 20, em 1932, o grupo de pioneiros resolveu publicar um manifesto endereçado ao povo e ao governo. Junto desse clamor, o grupo mencionava a necessidade de qualidade da educação do povo. A declaração de um dos pioneiros, Anísio Teixeira, é emblemática: "Existe escassez de quantidade e de qualidade na educação elementar devido à falta de elementos necessários para ação sistemática e planejada devido à convicção que qualquer tipo de educação ou qualquer escola serve para as necessidades das massas".

Porém, o povo não se interessava por esse assunto. Isso não desanimou os pioneiros da educação, que continuaram a tentar influenciar o governo a se movimentar a favor da educação do povo. Tal fato aconteceu em 1934, com a nova Constituição, que garantia a alocação de recursos financeiros para construção de escolas e contratação de professores. A data também marcou o início de obstáculos para tais aspirações, pois os subsequentes governantes revelaram uma série de problemas da educação elementar, todos relacionados à falta de recursos financeiros. Apesar disso, o governo conseguiu expandir o sistema educacional de modo notável. De 1945 a 1964, por exemplo, houve crescimento de 150% de matrículas. A tendência se mostrou constante até as declarações, na década de 1990, nas quais o governo prometia aumentar a taxa de matrícula na educação primária para 100%.

Portanto, depois de cerca de 80 anos de intermitente variedade de esforços, é possível perguntar: "Por que o ensino fundamental e o ensino médio, a educação básica do povo, continuam a ser um desafio principal no Brasil?"

Podemos responder tal pergunta tendo como base recentes estudos que chegaram à conclusão que atividades do Estado na área de educação não têm como objetivo genuíno o interesse na educação. Tais ações são estratégias usadas pelo Estado com a finalidade de aumentar sua legitimação. Isso explica as frequentes declarações dos governos com promessas de mudança, principalmente quando estes enfrentam problemas que desgastam sua imagem. Isso também explica que, apesar das promessas de mudança ao longo do século 20 e neste século 21, a educação brasileira ainda é um desafio a ser vencido. Relacionado ao recente estudo, diríamos que as estratégias mencionadas acima geralmente focalizam problemas transitórios da educação e não planos de longa duração.

Finalmente, hoje é de conhecimento mundial que países que conseguiram mudar a situação precária de sua educação colocaram como meta prioritária a formação de seus professores. Testes internacionais mostram que países, nos quais os professores são muito bem avaliados, são os que têm alunos com melhores resultados como, por exemplo, a Cingapura e a Coreia do Sul. Portanto, o Brasil precisa avaliar a qualidade de seus professores e dos sindicatos, que não querem mudança. Os países que conseguiram esse milagre o fizeram com a orientação de um grupo de acadêmicos do Canadá, Estados Unidos e da Inglaterra, autores de uma "teoria prática".

Antes de criar tal teoria, o grupo já havia publicado vários livros sobre gestão da educação. Algum tempo depois, ele observou que suas recomendações não eram colocadas em prática. Então resolveu ir à realidade da educação para levar seus conhecimentos. Depois do sucesso obtido na Coreia do Sul e Cingapura, ele decidiu desenvolver a mencionada "teoria prática" O grupo faz lembrar a energia e a capacidade dos nossos pioneiros da educação.
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http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=85961
Fonte: Correio Braziliense

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